Quando se é mulher, ou você é jovem ou você não é bonita dentro
dessa sociedade que venera cirurgias plásticas e hipervaloriza a juventude.
Mostrar as rugas e marcas do tempo é algo condenável quando a “juventude eterna”
pode ser encontrada em tratamentos estéticos, cremes e procedimentos absurdos. Algumas
mulheres vão na contramão dessa imposição e abraçam a idade, o tempo e até os
fios brancos, como é o caso da ovelha negra do rock nacional, a sensacional
Rita Lee Jones.
Rita, hoje com 68 anos, começou a carreira na música aos 21
n’Os Mutantes, ficando na banda até o fim de seu casamento com Arnaldo
Baptista, que a expulsou da banda. Ela também foi expulsa da segunda banda da
qual fez parte: Tutti Frutti. O motivo das expulsões, segundo Rita, é um só: machismo.
Mas mesmo com todo o machismo e o preconceito, ela nunca se deixou abater e
nunca se envergonhou de mostrar sua verdadeira personalidade e por isso hoje assume
a idade e as marcas do tempo e da carreira sem problema nenhum, mostrando a
todas que envelhecer não é pecado e envelhecer sabendo que fez tudo que queria
é possível.
Aposentada dos palcos desde 2012 (depois do fatídico show de
despedida em Sergipe, no qual a cantora se desentendeu com a polícia e foi
presa por desacato), a cantora afirma que não vai se afastar da música, mas shows
ela não fará nunca mais, uma pena para quem assim como eu nunca teve a chance
de vê-la ao vivo (mas vai ter lançamento do livro dia 17 na livraria Cultura do
Conjunto Nacional yeaaaaaaah), e isso se deve ao fato de que ela afirma que
agora está na melhor fase de sua vida e que cuidar da casa é tão trabalhoso
quanto sair em turnê.
E foi entre cuidar da casa, de sua horta e de seus animais,
que Rita digitou sua autobiografia, na qual resolveu não esconder nada: conta os
momentos felizes e também passa pelos momentos obscuros como as expulsões das
bandas, um aborto, um abuso sexual e o uso excessivo de drogas.
Musicalmente, Rita Lee foi e continua sendo uma grande
influência para qualquer mulher que goste de rock e queira fazer música no
Brasil, mas é visível que a influência dela vai muito além de música, afinal a
mulher quebrou tabus a vida toda e é um dos primeiros nomes que vem a cabeça de
muitos quando o assunto é mulher e rock’n roll.
E depois de influenciar todas as mulheres que vieram depois
dela, Rita se “aposenta” dos palcos limpa, feliz e orgulhosa da carreira e da
vida pessoal. E a gente também, Rita, pode crer.
Como dito ali em cima, dia 16
de novembro às 17h na Livraria Cultura do Conjunto Nacional em São Paulo, a
Rita vai comparecer para o lançamento do livro e uma sessão de autógrafos.
Título: Rita
Lee: uma autobiografia
Autora:
Rita Lee Jones
Editora:
Globo Livros
Ano:
2016
Livraria Cultura – Conjunto Nacional, Avenida Paulista,
2.073. Bela Vista. São Paulo/SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário