sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Vitrolinha Feminista #4: Rita Lee


Quando se é mulher, ou você é jovem ou você não é bonita dentro dessa sociedade que venera cirurgias plásticas e hipervaloriza a juventude. Mostrar as rugas e marcas do tempo é algo condenável quando a “juventude eterna” pode ser encontrada em tratamentos estéticos, cremes e procedimentos absurdos. Algumas mulheres vão na contramão dessa imposição e abraçam a idade, o tempo e até os fios brancos, como é o caso da ovelha negra do rock nacional, a sensacional Rita Lee Jones.


Rita, hoje com 68 anos, começou a carreira na música aos 21 n’Os Mutantes, ficando na banda até o fim de seu casamento com Arnaldo Baptista, que a expulsou da banda. Ela também foi expulsa da segunda banda da qual fez parte: Tutti Frutti. O motivo das expulsões, segundo Rita, é um só: machismo. Mas mesmo com todo o machismo e o preconceito, ela nunca se deixou abater e nunca se envergonhou de mostrar sua verdadeira personalidade e por isso hoje assume a idade e as marcas do tempo e da carreira sem problema nenhum, mostrando a todas que envelhecer não é pecado e envelhecer sabendo que fez tudo que queria é possível.
Aposentada dos palcos desde 2012 (depois do fatídico show de despedida em Sergipe, no qual a cantora se desentendeu com a polícia e foi presa por desacato), a cantora afirma que não vai se afastar da música, mas shows ela não fará nunca mais, uma pena para quem assim como eu nunca teve a chance de vê-la ao vivo (mas vai ter lançamento do livro dia 17 na livraria Cultura do Conjunto Nacional yeaaaaaaah), e isso se deve ao fato de que ela afirma que agora está na melhor fase de sua vida e que cuidar da casa é tão trabalhoso quanto sair em turnê.
E foi entre cuidar da casa, de sua horta e de seus animais, que Rita digitou sua autobiografia, na qual resolveu não esconder nada: conta os momentos felizes e também passa pelos momentos obscuros como as expulsões das bandas, um aborto, um abuso sexual e o uso excessivo de drogas.


Musicalmente, Rita Lee foi e continua sendo uma grande influência para qualquer mulher que goste de rock e queira fazer música no Brasil, mas é visível que a influência dela vai muito além de música, afinal a mulher quebrou tabus a vida toda e é um dos primeiros nomes que vem a cabeça de muitos quando o assunto é mulher e rock’n roll.
E depois de influenciar todas as mulheres que vieram depois dela, Rita se “aposenta” dos palcos limpa, feliz e orgulhosa da carreira e da vida pessoal. E a gente também, Rita, pode crer. 



Como dito ali em cima, dia 16 de novembro às 17h na Livraria Cultura do Conjunto Nacional em São Paulo, a Rita vai comparecer para o lançamento do livro e uma sessão de autógrafos.
Título: Rita Lee: uma autobiografia
Autora: Rita Lee Jones
Editora: Globo Livros
Ano: 2016

Livraria Cultura – Conjunto Nacional, Avenida Paulista, 2.073. Bela Vista. São Paulo/SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário